Pra tentar responder à provocação feita por um(a) anônimo(a) no post passado, chega a Gena Rowlands no filme do John Cassavetes. Glória não é um filme tão inovador quanto Husbands, ou até Faces - mas não aceita de maneira alguma fórmulas pré-estabelecidas.
A heroína, Glória, é uma mulher normal, de classe média americana, que se vê perseguida por pessoas desconhecidas. Num universo realista as ações são fantásticas. Em um momento Glória derruba dois carros dando tiros - e o exagero não parece inverossímil. E, como sempre nos filmes de Cassavetes pai, há a presença dos oprimidos na tentativa de redenção.
Um filme feminista. Tal como surgiam na década de 70; tal como vemos em Kill Bill, em Jackie Brown, em Maria Antonieta, em Volver - filmes atuais. Glória é um ótimo parâmetro para filmes de ação, afinal de contas, em Cassavetes o mais importante não é o movimento via uma finalidade, mas a completude do momento sendo tateado pela câmera. É um filme emotivo, e por isso feminino.
Sydney Lumet acabou fazendo uma refilmagem com Sharon Stone no papel principal, de Glória. Sim, a Sharon Stone que está no filme abaixo, do filho de John Cassavetes. Comparar as duas obras nos faz ter a completa certeza de que Cassavetes foi um marco pra cinematografia norte-americana. Mas, como Jean Luc Godard na França e no mundo, foi mal compreendido. Até mesmo por seu filho, se é que ele tentou entender o pai.
Em suma: prefiriria Gena Rowlands a Sharon Stone, se precisasse de mulher. Gena tem mais personalidade, mais força em sua ambiguidade, mais acidez no olhar sincero. E não é produto de indústria.
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