Miséria não existe somente no Brasil. Tem na Argentina e nos EUA também e Hector Babenco sabia, e sabe disso - vemos ele usar dela pra fazer seus filmes. Os feitos lá nos EUA são meio desencontrados. Como Ironweed, que não sabe se é um filme clássico ou meio moderno. Mas ainda sim é muito interessante.
Muito desse "interessante" é pelo elenco. Além da dupla principal, Jack e Merryl, vemos o músico Tom Waits, como Rudy. Os personagens são fortes, bem caracterizados, e o filme deve muito ao teatro por isso. São cenas praticamente inteiras feitas como em um tablado. Algumas adoráveis, como a srta. Streep cantando em um bar.
Uma adição daquela fantasia que só um latino americano poderia ter na cabeça, na esquizofrenia que nossa miséria provoca - visão de mortos, uma nostalgia por um passado próspero, a elegia da bebida e da comunidade contra a família conservadora. Esta, por sinal, muito presente na história. Por fim, acabamos vendo um belo recado aos Estados Unidos - e talvez por essa razão Ironweed não tenha tido a fama de Beijo da Mulher Aranha.
Comentários