Pular para o conteúdo principal

Jesus Christ Super Star - Norman Jewison - 1973

Essa ópera-rock teve início em um livro, do inglês Tim Rice, chegou ao cinema e logo após ganhou a brodway em espetáculos voluptuosos em orçamento. Gastam , talvez, mais que 100 vezes a paixão de cristo que acontece em nova jerusalém, em Pernambuco. A propósito, estamos falando do grande espetáculo da mídia - e de como o Jesus Cristo ganhou o status de superstar.

O filme é uma obra prima do espetáculo midiático. A crítica a ele próprio fica evidente no momento do distanciamento de quem vê o filme com o que ele quer nos fazer identificar. Como nas tragédias gregas - a citação é direta pela locação de filmagens, as ruínas da grécia antiga, todos cantam para os que esperam a moral do filme. A música também é de um inglês, Andrew Lloyd Webber, já conhecido por outros musicais anteriores - e sempre subversivos.

O destaque fica pra Judas, o tentado pelo demônio que conhece mais de Cristo que qualquer pessoa - inclusive o enviado por Deus. Cristo, um hippie nas entrelinhas, é levado por um Deus transcendente que está no destino e na natureza. Judas, o traidor, é um tipo mais próximo dos panteras negras, um revolucionário que sabe da inevitabilidade da luta. A discussão entre os dois é imensa, e esclarecedora até demais. No filme Judas não é mais que um homem, que sente as dores dos homens muito mais que o tipo ideal que é J. C. Este tem de tudo, e de todos a seu lado.

Porém... A indústria da tentação é maior, e se não corrompe manda assassinar. Judas vira o rosto porque ele tem proximidade com o demônio - não seria demais dizer que ele é o demônio , no filme. Um cantor de blues que fez um pacto com o devil. Neste âmbito, o espetáculo de consuma com Jesus sendo crucificado, e Judas perguntando : "por quê deixar chegar até esse ponto?"

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Última Floresta - Luis Bolognesi e Davi Kopenawa

A imersão de Bolognesi nos temas indígenas, em seus últimos filmes, demonstra que quando o cinema dá atenção a isso, algo se revela. Parece ser um caminho sem volta. Uma estrada sem fim. Mostrar, em imagem, os temas indígenas, tem força de revelação, sim - mas também de reativação com discussões antigas. O que faz aquele que se chama de "indígena" um caso particular. Não se fala de uma humanidade, de um humanismo nos termos que antes das colonizações de falou. Estamos diante de uma questão, um dia chamada "indígena". Estamos diante, portanto, de algumas questões que envolvem afetos e sentimentos que nos forjam como pessoas ligadas ao subjetivo indiretamente violentado e assassinado pelo contato interétnico das interiorizações do país. Davi Kopenawa tem sido um dos maiores lutadores, desde os conflitos com garimpeiros nos tempos de Serra Pelada, e também, como não dizer, na briga que ainda se vale de gritos e falsas informações sobre as terras yanomami entre Roraima ...

Don't Look Up - Não olhe pra cima (2021)

Quem não gostou do filme, em particular da história do filme - do enredo -, é um negacionista. Disso não resta mais nenhuma dúvida. Mas, qual será a ordem desse negacionismo que nos cerca? Esse Bolsonaro-trumpismo influente e tão ameaçador que faria, nessa historinha de filme cômico, as democracias e os próprios democratas (se é que há democratas reais no filme) aderirem ao fim do mundo? Sim, se você não percebeu ainda, os negacionistas pretendem o fim do mundo. Seja de um mundo esférico, por uma defesa do mundo plano, seja de um mundo pleno (com E) e vivido pelas multiplicidades de pessoas diferentes. Esses negacionistas que nos atordoam a toda hora na internet, e que um dia foram chamados de HATERS, hoje estão nas famílias mais democráticas de nossas Américas, são negadores tal como aquela negatividade hegeliana que se travestiu ao longo dos tempos com a terminologia "crítica". Está, portanto, aberta a porta dos infernos, a chamada caixa de Pandora, um baú da infelicidade, ...
Jim Jarmusch em certa entrevista diz que gosta de ficcionalizar os momentos "entre acontecimentos". Vê-se isso em alguns de seus filmes. Paterson, um personagem, um poeta, um trabalhador, um marido, um amigo, vive entre um passado militar e um futuro que podemos dizer "espírito livre". Dá pra fazer uma certa analogia entre seu nome, o nome de seu condado-cidade, o nome de seu ônibus (local de trabalho entre-lugares), e uma filiação a um padrão de vida comum. Uma espécie de analogia do extremo oriente, que liga palavras e cria uma nova. Pater - Son. Pattern(padrão) - Son(filho). Sabe-se que os japoneses dizem assim de pessoas que se ligam a tal ou tal antepassado. Os antepassados de Paterson, vivido pelo grande ator Adam Drive (que realmente serviu a marinha, pelo que consta nas suas biografias rasteiras da net) seriam poetas, como Wiliam Carlos Wiliams, que tem um livro com o mesmo nome da cidade e seu "filho", o motorista. Ou como Allen Ginsberg, também d...