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São Paulo é menos Brasil que Estados Unidos, só pra citar uma das almas generais da cidade que veio de fora. É menos Brasil e mais Roma, mais Itália, mais império, mais raiva. Dos anos 20 pra cá, essa pequena cidade cultural teve sua honra despejada em todo o país, demonstrando aos mais incrédulos o quanto é possível, num degrau bastante avançado do capitalismo mundial, celebrar uma ansiedade por belas vidas bem ajustadas. Esse tempo todo, nada de São Paulo saiu daqui. Neste tempo todo, nada é menos visível que algo que chamaríamos de cultura paulista, ou paulistana. Sabe por quê? Porque nada em São Paulo é feito aqui mesmo: tudo é importado e ajustado ao status subdesenvolvido das estruturas pensantes brasileiras. Isso levando-se em conta que existem essas estruturas pensantes, exemplificando instituições e organizações sociais com intenções fortes de viver uma vida melhor que a que nos é oferecida.

Comentários

Marcos disse…
Olá Mauro,

Sou leitor do Diário de Trabalho e sou cinéfilo de carteirinha. Eu estou mandando esse email porque estou trabalhando numa empresa que desenvolveu um portal sobre cinema - o Cinema Total (www.cinematotal.com). Um dos atrativos do site é que você cria uma página dentro do site, podendo escrever textos de blog e críticas de filmes. Então, gostaria de sugerir que você também passasse a publicar seus textos no Cinema Total - assim você também atinge o público que acessa o Cinema Total e não conhece o Diário de Trabalho.

Se você gostar do site, também peço que coloque um link para ele no Diário de Trabalho.

Se você quiser, me mande um email quando criar sua conta que eu verifico se está tudo ok.

Um abraço,
Marcos

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