Pular para o conteúdo principal

Alpha Dog -Nick Cassavetes - 2006

Diz-se no filme que é uma história verídica. As inserções pseudo-documentais com os atores do filme contando o acontecido no início e ao fim do filme, com um depoimento que se destaca da atriz Sharon Stone - completamente diferente, dão esse tom. Estaríamos vendo uma reconstituição, portanto.

Nessa reconstituição, os atores não convencem. Afinal de contas, são somente atores adolescentes brincando de cinema, e de ser adultos. Exatamente como nos seriados pra TV. Estamos vendo ao que aqui no Brasil equivaleria a um teste para futuros papeis na indústria, o Malhação, da rede globo. Vide o superestimado Justin Timberlake, que é bom ator, bom fantoche, mas brilha muito pra pouca aura.

Espanta a riqueza do filme. Falo da riqueza do lugar, das casas, das pessoas, dos carros, a riqueza material mesmo. No quesito narrativo ele tenta inovar, mas deixa a desejar. A mensagem moralista do filme passa despercebida. Apesar disso vemos que Nick Cassavetes é bom diretor, é esforçado. Até parece brincadeira eu falar isso, mas é o adjetivo que me vem - Nick fez outros filmes melhores, mas nesse ele tenta superar sua linguagem, por isso o esforço.

Contudo, é uma pena ele não seguir os passos de seu pai, o gênio John Cassavetes, quando era mais contestador. Cassavetes morre precisando de dinheiro, quase que mendigando praquela indústria que sempre foi contra. Talvez por isso Nick não entre no esquema independente radical, experimental. Hoje não existiria espaço pra isso, no cinema.

Comentários

Anônimo disse…
ôcê pecisa e de muié

Postagens mais visitadas deste blog

A Última Floresta - Luis Bolognesi e Davi Kopenawa

A imersão de Bolognesi nos temas indígenas, em seus últimos filmes, demonstra que quando o cinema dá atenção a isso, algo se revela. Parece ser um caminho sem volta. Uma estrada sem fim. Mostrar, em imagem, os temas indígenas, tem força de revelação, sim - mas também de reativação com discussões antigas. O que faz aquele que se chama de "indígena" um caso particular. Não se fala de uma humanidade, de um humanismo nos termos que antes das colonizações de falou. Estamos diante de uma questão, um dia chamada "indígena". Estamos diante, portanto, de algumas questões que envolvem afetos e sentimentos que nos forjam como pessoas ligadas ao subjetivo indiretamente violentado e assassinado pelo contato interétnico das interiorizações do país. Davi Kopenawa tem sido um dos maiores lutadores, desde os conflitos com garimpeiros nos tempos de Serra Pelada, e também, como não dizer, na briga que ainda se vale de gritos e falsas informações sobre as terras yanomami entre Roraima ...

Don't Look Up - Não olhe pra cima (2021)

Quem não gostou do filme, em particular da história do filme - do enredo -, é um negacionista. Disso não resta mais nenhuma dúvida. Mas, qual será a ordem desse negacionismo que nos cerca? Esse Bolsonaro-trumpismo influente e tão ameaçador que faria, nessa historinha de filme cômico, as democracias e os próprios democratas (se é que há democratas reais no filme) aderirem ao fim do mundo? Sim, se você não percebeu ainda, os negacionistas pretendem o fim do mundo. Seja de um mundo esférico, por uma defesa do mundo plano, seja de um mundo pleno (com E) e vivido pelas multiplicidades de pessoas diferentes. Esses negacionistas que nos atordoam a toda hora na internet, e que um dia foram chamados de HATERS, hoje estão nas famílias mais democráticas de nossas Américas, são negadores tal como aquela negatividade hegeliana que se travestiu ao longo dos tempos com a terminologia "crítica". Está, portanto, aberta a porta dos infernos, a chamada caixa de Pandora, um baú da infelicidade, ...
Jim Jarmusch em certa entrevista diz que gosta de ficcionalizar os momentos "entre acontecimentos". Vê-se isso em alguns de seus filmes. Paterson, um personagem, um poeta, um trabalhador, um marido, um amigo, vive entre um passado militar e um futuro que podemos dizer "espírito livre". Dá pra fazer uma certa analogia entre seu nome, o nome de seu condado-cidade, o nome de seu ônibus (local de trabalho entre-lugares), e uma filiação a um padrão de vida comum. Uma espécie de analogia do extremo oriente, que liga palavras e cria uma nova. Pater - Son. Pattern(padrão) - Son(filho). Sabe-se que os japoneses dizem assim de pessoas que se ligam a tal ou tal antepassado. Os antepassados de Paterson, vivido pelo grande ator Adam Drive (que realmente serviu a marinha, pelo que consta nas suas biografias rasteiras da net) seriam poetas, como Wiliam Carlos Wiliams, que tem um livro com o mesmo nome da cidade e seu "filho", o motorista. Ou como Allen Ginsberg, também d...