Gênio da raça IstoÉ, 2/9/1981 Histórias de Glauber Rocha, o artista das metáforas. De sua infância inquieta às turbulências políticas, do desencanto estético à morte patética, inexplicada Quando subiu ao céu, no sábado, dia 22, Glauber Rocha com certeza terá gritado: "Foi um complô da CIA e da KGB. Me mataram, São Pedro!" Todos devem ter rido, como se ria sempre que o cineasta repetia acusações desse tipo. Ou quando garantia que ia morrer aos 42 anos. Ou quando advertia a mulher contra agosto, "mês das grandes tragédias brasileiras, vide Getúlio". Ou quando acreditou na abertura porque o ex-presidente Geisel era, como ele, protestante. Polêmico e escandaloso, Glauber, que filmava, escrevia e falava por metáfora, além de lançar nas telas as desvairadas, geniais imagens que costumava criar, podia ter visões ampliadas da realidade – o que, no cinema, lhe dava a merecida fama de gênio e, na vida, a lenda de louco. Supersticioso e profético, Glauber Rocha mais uma vez po...
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