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Mostrando postagens de dezembro, 2012

Notas sobre Life of Pi , de Ang Lee (2012)

Produção de Life of Pi mostra a criação de deuses contemporâneos no cinema (título brasileiro: As Aventuras de Pi, 2012) O cinema faz tratos com Deus sempre que foi cinema. Os grandes épicos flertam diretamente com aquilo que a entidade teria nos criado numa linguagem comum – de Intolerância , Griffith, passando por Alemanha Ano Zero , Rossellini, até em Tabu , Murnau, ou Idade da Terra , Glauber Rocha. Citações aleatórias, mas completamente distintas umas das outras – filmes distantes. Isso pra não falar dos épicos propriamente religiosos. O cinema, sem dúvidas, em todas as suas linhas, vertentes, escolas, linguagens e experimentos, brinca com (de) Deus ou Deuses. Simplesmente, nos avisa que não mais a fala, não mais a simples expressão gestual, não mais o comum faz parte do que chamamos de realidade. Enquadra-se o real, divide-se a percepção, cria-se uma história para, poética ou pedagogicamente, nos mostrar expressões divinas da vida. Tocar essa manifestação divina, pra al

A febre do rato (2012) - Cláudio Assis

Zizo, poeta alterego de Cláudio Assis, mas referência real Para as elites brasileiras, a pobreza é lixo a ser excluído. Para o cinema publicitário, a pobreza é matéria a ser adornada, floreada. Para a publicidade do poeta Zizo (interpretado pelo incansável Irandhir Santos), no filme de Cláudio Assis, o slogan que retorna como mote é: "abaixo a reciclagem e viva a lapidagem".  A estética do lixo passa por uma reciclagem no cinema publicitário do Sudeste em filmes. A pornochanchada, por exemplo, era uma reciclagem da boca do lixo, As comédias-besteirol de hoje são reciclagem das chanchadas. Fenômenos de filmes de favela são reciclagem do Cinema Novo. Da industrialização da Globo Filmes ao cinema da O2 e adjacentes, a publicidade toma formas culminantes hoje na produção cinematográfica. Temos o método já colocado à prova. Cláudio Assis toma essa publicidade e a torna argumento panfletário de algo próximo do abismo. Mas não da maneira utópica. Não quer a revolução. E