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Mostrando postagens de janeiro, 2009
Da imaginação  Nenhum homem duvida da verdade da seguinte afirmação: quando uma coisa está imóvel, permanecerá imóvel para sempre, a menos que algo a agite. Mas não é tão fácil aceitar esta outra, que quando uma coisa está em movimento, permanecerá eternamente em movimento, a menos que algo a pare, muito embora a razão seja a mesma, a saber, que nada pode mudar por si só. Porque os homens avaliam, não apenas os outros homens, mas todas as outras coisas, por si mesmos, e, porque depois do movimento se acham sujeitos à dor e ao cansaço, pensam que todo o resto se cansa do movimento e procura naturalmente o repouso, sem meditarem se não consiste em qualquer outro movimento esse desejo de repouso que encontram em si próprios. Daí se segue que as escolas afirmam que os corpos pesados caem para baixo por falta de um desejo para o repouso, e para conservação da sua natureza naquele lugar que é mais adequado para eles, atribuindo, de maneira absurda, a coisas inanimadas o desejo e o conhecimen
LOVE Da capo (1966). O disco é também um livro. Da capo, do início de tudo, da experiência nova, da nova música em banda - coisa mais antiga, uma banda. A banda em questão tem o nome da propaganda maior da grande comunidade hippie, década da flower power, contra o poder das armas e das guerras. A época das experiências alucinógenas, de ácidos e marijuanas em conjunto, com muitos jovens entrando no ritmo da modernidade líquida, dissolvida e derretida. Ali, o quase gênio Arthur Lee, uma espécie de Hendrix com uma energia louca, e com experiências muito menos depressivas ou blues, algo mundial, que vinha pegar, inclusive, referências na bossa nova. Tinha nome de general, mas era um revolucionário dos mais atentos. Um músico como nenhum outro ali naquela região de Los Angeles - nem a Doors, uma banda tão profunda, chegava ao pop de Love, sem perder as estribeiras que impressionavam. Só a Beatles, chegava a ser comparada com a Love. Mas foi uma banda deixda de lado. Pink Floyd, em seu prime
ANTES DE TUDO Quando eu tinha sete anos de idade, comentei uma noite ao jantar que meu professor havia-nos dito que comunistas eram maus. Meu me pai – enchendo-me de orgulho e olhando-me como um igual - disse que não escutasse aquele tipo de conversa, porque comunistas, em geral, eram indivíduos inteligentes que lutam pela justiça entre homens. A face dele parecia enraivecida, mas estava claro que a raiva não era comigo, mas com o professor, cuja meta era instalar o medo. Aquele episódio me ensinou a desconfiar de anti-comunistas desde então. Caetano Veloso
NADA DE REVOLUÇÃO III Depois da revolução? Aqui estamos. Esse depois se define como o momento em que a revolução é nomeada apenas no passado. O que acontecerá e modificará o mundo não acontecerá mais da mesma forma que antes. Nós  viemos depois daquilo que tinha lugar na revolução. No centro, a implosão do gigante soviético. Havíamos lido Alxandre Zinoviev, mas também Mandelstam e Akhmatova. Sem falar de Eisenstein e Vertov, sacrificados ao Império , nem de Barnett nem de Koulechovo, Meyerhold, Babel, Maiakóvski, Khlebnikov, Bakhtin, Chlovski, Tynianv, Eikhenbaum, Propp... Esses, não os perdíamos de vista. A queda da casa vermelha não era, para nós, nem o desaparecimento da Rússia nem o do comunismo. Ainda digo “nós”, essa palavra que me dói. Mas o muro derrubado perturba, a bem dizer, a Europa mais do que a ex-União Soviética. Como Paisá ou Alemanha Ano Zero (Roberto Rossellini) marcaram o surgimento do cinema moderno nas ruínas da Europa destruída pela guerra, um filme marca essa
NADA DE REVOLUÇÃO II Oscar Niemeyer na Folha de S. Paulo escreve uma apologia ao velho Stálin - o conhecido burocrata que mostrou os novos caminhos de um comunismo fora de órbita, e anti-trotskista. Seria o verdadeiro sentido da revolução socialista, o levante stalinista em busca do desenvolvimento soviético? Há muito se discute a presença desse comunismo tradicionalista e tacanho na esquerda brasileira. Mas há pouco esse assunto parece algo descabido. A presença do capitalismo de estado, tal como talvez um Kurz teria dado mais asas à imaginação do arquiteto, caso este percebesse que a fraqueza maior da União Soviética foi a industrialização aos moldes capitalistas no regime chamado comunista. Pouco importa o posicionamento político de Niemeyer em sua obra? Sim - pouco importa. Afinal, o seu modernismo barroco futurista, quase pós-moderno antes mesmo dessa palavra pensar em aparecer, nos eleva ao degrau de país que dita cultura por onde aparece. No entanto, política mesmo, fica lá no
Nada de revolução   A surpresa do milênio está nas novas pessoas que querem revolucionar o mundo radicalmente sem sair de suas casas – apenas pela internet. Esse blog surge nessa ilusão de que, mais do que nunca, a revolução acontece a cada segundo, a cada instante, sem que possamos saber ou ver o que anda acontecendo. A revolução não é mais uma revolução. O caso é o da internet – a fenomenologia posta em prática, daquela consciência que anda fora do sujeito. É o da realidade virtual. O da falta de realidade, ausência de fatos, mas abundância de virtualidades virtuosas – virtudes inventadas. Nessa masturbação yuppie, a burguesia anda feliz em um vício que prejudica os olhos, mas nem tanto o pensamento, seja lá o que isso hoje venha a ser. Peguemos o termo revolução, este que anda nas bocas da juventude desde 68, e invertamos seu sentido, na base de um radicalismo, agora, extremamente virtual e falso. O que há nesse termo é uma profunda reacionarice, de imenso tamanho para os di