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Mostrando postagens de janeiro, 2007

Alucinação

Eu não estou interessado em nenhuma teoria em nenhuma fantasia, nem no algo mais nem em tinta pro meu rosto, oba-oba ou melodia para acompanhar bocejos, sonhos matinais Eu não estou interessado em nenhuma teoria nem nessas coisas do Oriente romances astrais a minha alucinação é suportar o dia-a-dia e meu delírio é a experiência com coisas reais Um preto, um pobre, um estudante, uma mulher sozinha Blue Jeans e motocicletas, pessoas cinzas normais Garotas dentro da noite, revólver: "cheira, cachorro" os humilhados do parque com os seus jornais carneiros , mesa, trabalho, meu corpo que cai do oitavo andar a solidão das pessoas nessas capitais a violência da noite, o movimento do tráfego um rapaz delicado e alegre que canta e requebra é demais? cravos, espinhos no rosto, rock, hot dog, play it cool, baby doze jovens coloridos... dois policiais cumprindo o seu duro dever e defendendo o seu, amor. É nossa vida cumprindo o seu duro dever e defendendo o seu, amor eh, nossa vida Mas e

O "novo" tipo de artista

Afinal de contas, quem são os artistas do mundo hoje, do cinema – aqueles artistas que lidam com a imagem, o som, o tempo, com a arquitetura, com, simplesmente, TUDO o que a arte lida? São heróis do tempo e imagens virtuais – nas quais o imaginário envolve completamente o que se produz. Já vi Keith Richards falar que pega as notas no ar pra criar riffs de guitarras como em “Satisfaction”. Na verdade isso era muito comum acontecer com a investida absurda, em todos os sentidos, dos trabalhadores surreais da arte. Nada seria o mesmo quando Salvador Dali, Picasso, Monet, Du champ, Klein e outros mais malucos se colocaram na frente do que se chamou de vanguarda (avant garde). O sonho era a realidade, e Descartes mesmo já havia dado a partida pra esse pensamento – completamente contrário ao seu cartesiano. O real virava o “sobre o real”, “acima do real”, o surreal( sur real). Já que sonhamos, existe algo rondando por aí, no espectro sonoro e imagético – e nós de vez em quando captamos isso

Carta de um crítico a um artista

Senhor artista . Desde um tempo que tenho pensado em mandar essa carta ao senhor, que pelo que me parece não consegue largar esse lado meio militante propagandista de suas produções. Desde já falo com a maior sinceridade que isso não mais está sendo visto com bons olhos, nem em países pobres, nem em países ricos. Inclusive, essa mania sua de querer falar de ricos e pobres contamina qualquer um, inclusive eu mesmo - que gosto tanto de arte. Fico atordoado quando vejo seu altruísmo escandaloso nas suas fotografias da África, ou nos seus filmes em favelas. Na verdade essa sua mania, esse seu vício acaba por nos deixar um pouco sem saídas para um entendimento melhor a respeito de nossa estética de hoje em dia. Eu não falo de coisas antigas, só estou querendo lhe alertar. Veja bem: houve algo no início da década de 90 que nos abriu os olhos pra uma condição. O muro caiu lá em Berlim. Não sou só eu que falo - muitos líderes mundiais dizem isso. O que antes estava tão claro - essa divisão ent

Brad Will - Morto em Oaxaca

Bradley Roland Will O absurdo do que vocês não vêem, mas ouvem, é a repressão do Estado mexicano contra o povo e quem se atreve a vir, por exemplo, dos EUA ( caso de Brad) para filmar o que acontece na cidade de OAXACA - recém palco de mobilizações populares anti-imperialistas, e, de certa maneira afim de demonstrar que o povo mais marginalizado das decisões "cidadãs" têm poder de se organizar, ainda que seja no caos do impulso defensivo. O que acontece por lá, acontece aqui - mas não temos Zapatistas. Temos sim desigualdade, e gente que mata estrangeiros pra conseguir dinheiro. O Brasil não tem um povo organizado, mas vive uma situação parecida com a do México.