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Mostrando postagens de setembro, 2007

Batalla en el cielo - Carlos Reygadas - 2006

Battle in Heaven. Uma batalha, realmente, concluir esse filme. Um conjunto de diretores que pendem à arte atualmente consegue manter a velha forma da contestação com a magia da infernal crueldade tão combatida. Não há purgação, na magia desses diretores - muito pelo contrário. O mexicano Reygadas conseguiu um nome forte com seu Japão. Logo após esse nome, agora ele escracha, enfim, a diferença étnica que parece ser infindável, aqui na américa latina. Seu filme é manso, um experimento perto do que Gus Van Sant , Larry Clark fazem. Não seria demais compará-lo ao nosso Cláudio Assis , ou o Beto Brant . É a classe de um cinema terrorista sendo criado, bárbaro como qualquer cristão ocidental odeia. A ânsia pela polêmica talvez nos deixe distantes do filme. Há um pecado estético uterino: lidar com o grotesco naturalista próximo de uma crítica realista. Se fosse só um experimento até passava, mas se trata de uma tentativa de estilizar a contradição de etnias. Não existe filme que problematiz

Belle Toujours - Manoel de Oliveira - 2006

Bella Sempre foi, segundo conta logo ao início do filme, feito para o roteirista Jean Claude Carriére e para o mestre Luis Buñuel . Ao que parece, coisas absurdas acontecerem ao longo de um drama cotidiano não é algo irrecusável em uma narrativa - pelo contrário. A constancia faz com que o espectador quase morra de tanto tédio, e o susto nos traz a vida novamente. Manoel de Oliveira, um dos mais atuantes e irônicos diretores da contemporaneidade, faz sua homenagem a esse caráter onírico do cinema surreal em Buñuel . Este era bem mais corrosivo, óbvio - ser competente hoje e andar na linha do meio da estrada. Mas é isso - a linha do meio não leva a lugar algum: nem à mão, nem à contra-mão. Na homenagem à Bela da tarde (Belle de jour, 1967, Luis Buñuel) , Manoel usa de uma nostalgia cinéfila para, de uma maneira cinéfila, homenagear. Nada de mais nessa redundância. Nada demais também no filme. A não ser a exímia competência de Manoel se confirmar, ainda , como um autor de filmes que p

Um estranho no ninho - 1975 - Milos Forman

Em Füller , Shock Corridor (1963), o espaço da instituição reformatória manicomial serve de alegoria da sociedade norte americana de uma maneira ácida, própria do diretor. Já neste filme, One Flew Over the Cuckoo's Nest, de 1975, de Milos Forman, diretor checo que continua sua carreira de diretor nos EUA, vemos a repetição dessa alegoria, agora mais sutil. Dois personagens são os mais significativos na narrativa: o chefe, índio, e McMurphy, o ator Jack Nicholson. Este último um revoltado amigo de prostitutas que parece estar no reformatório para loucos apenas porque é preguiçoso e para um período de observação. O índio, um personagem misterioso, que não fala e permanece em seu mundo isolado. O visitante, estranho no ninho, McMurphy, é amigável e parece feliz no reformatório - a não ser com os empregados da burocracia da instituição, como no caso da enfermeira psicóloga, Ratched (absurdamente burocrática, pra enfatizar). Ele promove uma verdadeiro motim dentro do manicômio - par

Zodiac - 2007 - David Ficher

O pop em Fincher impressiona. A publicidade toma conta de tudo, acaba com todas as perspectivas de uma comunidade pacífica, tal como se vê nas propagandas. E, por ele evidenciar esse mecanismo do mercado que procura até mesmo a imagem de um assassino para publicizar, ganhamos em discussão a respeito de qual o papel do cinema industrial hoje. Isso porque o filme Zodiac é um trhiler, um noir feito à luz do dia, tal como alguns undergrounds gostavam de fazer na década de 70. Esse novo modelo do thriler, em Fincher , é já conhecido em Se7en. A diferença entre os dois talvez fique na atuação, que havia sido excepcional no Se7en, e neste vemos, talvez, uma experimentação dos atores. Mais parece um filme de transição. A história de Sam, um assassino da California recontada por outros filmes como o de Spike Lee , O Verão de Sam, retorna com a iluminação midiática que há em cima de qualquer fato sensacionalista. E, porque não, o próprio filme é levado por essa arapuca, já que nos identificamos

Idi i smotri (Come and See) - 1985 - Elem Klimov

O fascismo, como diria Adorno, está presente quando menos se fala nele. O diretor húngaro Elem Klimov , neste seu último filme, não só mostra uma visão perversa e trágica do ser humano e da guerra, ainda que com uma sutileza do chiste contra o instinto de potência dos Alemães, mas também massacra qualquer perspectiva que perca seu tempo achando que Steven Spielberg consegue realmente falar sobre guerra. A guerra não motiva platéias. Ela é o terror, o horror, como em Apocalipse Now de Coppola , citando Shakespeare . A morte por ideais que fagocitam a vida alheia não nos assusta - nos tira da realidade do compartilhamento humano. Assassinato no cinema é, além de uma estratégia podre de angariar espectadores, uma amostragem de como se leva em conta as relações que temos com próximos. Em Vá e Veja, título em português, a segunda guerra mundial é totalizada nesse terror inumano. Assim chegamos ao ponto de vermos um épico de guerra, tal como a indústria americana usa, contra os épicos de gu