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Mostrando postagens de março, 2007

Casa de 6 milhões de reais

Foi quando eu vi em uma emissora de tv , se não me engano na record, um programa que falava de uma casa que custava não menos que R$ 6 milhões. O que acontece: eu achava, de verdade, que isso não podia existir aqui em um país como o Brasil. Não sabia que existiam pessoas com tanto dinheiro pra gastar em uma casa, somente - sem móveis nem nada. E ainda mais, não uma só casa, mas um apartamento, com 3 andares, elevadores para cada quarto e banheira de hidromassagem em todos, com programação via celular do início do banho. É sim. O cara ligava e já programava a banheira pra quando chegasse a água estivesse quente e o chão do banheiro em uma temperatura agradável. É sim, até o chão se aquecia. Não bastasse eu assistir a esse absurdo na tv , ainda me vem a apresentadora do programa que fazia propaganda da casa, sem dizer qual era a construtora - na verdade um programa de variedades que apenas também se via chocado com a imensidão do apartamento e o custo dele todo, mas se chocava não pelo m

A respeito da esquizofrenia...

GUY DEBORD Capitulo IX A IDEOLOGIA MATERIALIZADA A auto-consciência existe em si e para si quando e porque ela existe em si e para si para uma outra auto-consciência; ou seja, ela não existe enquanto não for reconhecida. Hegel - Fenomenologia do Espírito 212 A ideologia é a base do pensamento duma sociedade de classes, no curso conflitual da história. Os fatos ideológicos não foram nunca simples quimeras, mas a consciência deformada das realidades, e, enquanto tais, fatores reais exercendo, por sua vez, uma real ação deformada; na medida em que a materialização da ideologia na forma do espetáculo, que arrasta consigo o êxito concreto da produção econômica autonomizada, se confunde com a realidade social, essa ideologia que pode talhar todo o real segundo o seu modelo. 213 Quando a ideologia, que é a vontade abstrata do universal, e a sua ilusão, se legitima pela abstração universal e pela ditadura efetiva da ilusão na sociedade moderna, ela já não é a luta voluntarista do parc

Artaud

A Dança do Peiote A possessão física continuava aí. Este cataclisma que era meu corpo.. Após vinte e oito dias de espera, ainda não tinha voltado a mim - ou melhor dizendo, saído até mim. Até mim, esta montagem deslocada, este pedaço de geologia avariada. Inerte como a terra com suas rochas - e todas essas fendas que correm pelos estratos sedimentares empilhados. Quebradiço, é claro, eu estava, não em certos lugares mas por completo. Desde meu primeiro contato com essa terrível montanha que certamente levantou barreiras contra mim para impedir-me de entrar. E o sobrenatural, depois que estive lá, não me parece mais ser uma coisa tão extraordinária a ponto de eu não poder dizer, no sentido literal do termo, que fui enfeitiçado. Dar um passo não era mais dar um passo; era, para mim, sentir onde levava minha cabeça. É possível compreender isso? Membros que me obedecem um depois do outro, que avançam um depois do outro; e a posição vertical sobre a terra, que é preciso manter. Pois a ca

Minha jangada vai sair pro mar

A deus do céu vamos agradecer a nossa reclusão em nossos quartos quadrados e sem vida, sem plantas nem vento, sem gosto nem sentimento. Se deus quiser a gente reza pra que tenha bom tempo dias futuros. Mas não é bom pensar no futuro hoje, porque esquecemos muito do passado. Nem penso no passado pra não ficar nostalgico. Esqueçamos o presente também, que não nos dá alegria. Fiquemos no mar de ilusões - alucinações idiotas entre pedras jogadas no meio de nossa testa enrrugada. Quem disse que o ser humano não tem nenhum predador? Ele próprio é seu maior predador. Ele não é mais antropofágico, mas mata com gosto o seu semelhante. E essa angustiante vontade, esse desejo tem crescido de maneira inigualável - é o que chamaram de barbárie. É triste esperar. mais triste acreditar que devemos esperar. Adeus, irmão, adeus - até o dia de juízo.

Considerações sobre o POP

O ESPETÁCULO DAQUELE CORPO SEM ÓRGÃOS DE ANDY Em aulas ouvia dizer às vezes que alguns dos programas de TV, algumas músicas, alguns livros, por serem produtos de massa, seriam esquecidos facilmente em poucos anos. Esses produtos para as massas, essas produções Kitschs, depois de um tempo entrariam no limbo por serem descartáveis. Porcaria não dura, diziam. É justamente aí que chega o POP, a estética, a concepção de arte que essa vertente de alguma maneira discursou e defendeu. Além de entrar no ridículo das mídias medíocres e exibir esse tom risível das propagandas publicitárias, teve o outro lado que deixou tudo numa ambiguidade... O POP elevou o descartável ao status de arte. Em outras palavras: o lixo kitsch, os manequins maquinizados, o colorido frisson anos 80, os desfiles de moda, os acordes mal tocados mas numa estrutura épica e teleológica pobre, tudo deixou de ser visto com os olhos cínicos e entrou num ritual artístico elevado, e com muito valor agregado. Em outras palavras

Sinta-se BEM

Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha reta, e o coração tranquilo. Ser débil e falar baixo. Deixar o outro acabar de falar, antes de você começar. Como na novela do vale-a-pena-ver-de-novo . Gritar apenas na ameaça de uma barata, ou bicho asqueroso como ela. Inserir fontes bonitas, e procurar palavras adoráveis em textos que sempre devem agradar a quem lê. Como guerra só existe no oriente médio, podemos nos acalmar com nosso mísero salário e bolsa família. Sejamos aqueles homens-cordiais brasileiros. leia a bíblia. leia auto-ajuda. seja feliz. tenha uma estátua de buda. cante hare hare. viva num transe. num transe, num transe, num transe, num transe, num transe.........................................................
é isso... todos pensam que estão num mar calmo, brando e sem maiores conflitos. pensam viver naquela estrada sem carros nenhum, andando rápido sem perigo de acidentes. acreditam estar quase voando, flutuando sobre o chão sem sujeiras. vivem respirando perfumes. acham que antes de falar mal de alguma coisa, ou de falar bem mesmo, deve-se saber que ninguém tem esse cacife - ou seja: não abra a boca pra dar opiniões. seria fraqueza? lividez? o melodrama, as emoções teriam então entrado na cabecinha das pessoas e tomado conta de qualquer criação ( de opiniões, também)? ou covardia daquelas que nenhum bicho tem, só o ser humano? dia desses eu andava por uma banca de revistas e vi aquelas mulheres, que na década de 60 chamavam de vedetes, meio que ironizando, e hoje chamam de celebridades. parei, fiquei ali olhando e pensando como seria a vida dessas pessoas. algumas delas até devem ter um blog também, como algumas amigas minhas. pensei então: será que não há diferença entre eu e um fábio as

tempo tempo tempo tempo

Não existe tanta vida. certo dia desses, na década de 80, nós aprendemos que crescer não era mais importante. preocupar-se com alguma coisa, apenas com o corpo e si mesmo. dizer apenas o desnecessário. não olhar mais pra o céu, a não ser para as fotos dele. deitar-se apenas com quem você não quer conhecer. passar adiante felicidade - o sentimento mais impuro e forçado do ser humano, e esquecer a graça. falando em graça, rir apenas da nossa imbecilidade. olhar no olho verde da cobra e saber que vai ser picado - conhecer que o veneno é mais prazeroso que o remédio.
Manipulamos a natureza. Atacamos a beleza. matamos o que vemos pela frente. o elemento homem, alcunha proferida certa vez pelo mestre Bezerra da Silva, só sabe de sua providência quando se sente poderoso. se não se sente aparece aquela vontade de se matar tão aguda - e nos deixa impotentes pelo resto de nossas vidas. Fazer o que pra ultrapassar isso, então? criar. fazer coisas... mandar uma bomba de 57 megatons e tirar uma foto lá de longe. não tem deux que faça isso. essa fotografia, nem essa bomba. Pergunto a você que não tem nada mais o que fazer e vem ler esse blog: não chega a ser sublime a destruição?