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Hair - Milos Forman - 1979

Outro musical que a broadway consegue dar seu brilho mundial. Esse tipo de espetáculo ultrapassa as limitações de crises que sempre retornam à sociedade de consumo. O próprio gênero musical era constantemente atrelado ao período de recessão dos EUA - a depressão da década de 30. Bem, o que vemos em Hair é uma adaptação lúdica do clima flower power da década de 60.

Milos Forman, um diretor vindo do leste europeu meio comunista, tem seu precurso filmográfico marcado por uma não consideração aos temas amenos. Ele, em Hair, não deixa ninguém ileso, na verdade. Um filme cético, porém nostalgico. A liberdade que um passado bem próximo exalava, mesmo com a guerra do Vietnã, era inigualável. É bom ressaltar que quando o filme foi feito muitos dos hippies eram já chamados de yuppies.

Havia já um clima de desespero que daria o ar de toda a década de 80. Hair não é uma ópera, como se configura em Jesus Christ Super Star, mas um musical que também chega à discussão social da postura revolucionária. Tanto Jesus quanto os hippies tinham comportamentos que não se adequam à produção tradicional ocidental. A guerra tecnologicamente avançada, por exemplo. Claude mesmo é comparado a Deus pelo líder da tribo, Berger.

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