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Paul e a inocência de um antigo suburbano

Logo depois de Paul MacCartney ter dito à imprensa que usava, sim, LSD, vinham os Beatles com uma experimentação nunca vista no chamado rock n’roll. Dias de Jimi Hendrix, de Janis Joplin trazendo o blues resgatado pelos acadêmicos que antes era de um grupo, também branco, chamado Grateful Dead. Claro que víamos os ingleses fazerem isso antes com um John Mayal, por exemlpo, com Pink Floyd, Eric Clapton. Não importa – agora era hora de navegar no mar de gramas.

Como eu disse, foi o mais mauricinho, embecadinho dos Beatles que disse o que os outros escondiam. Os Beatles, Sirs of England, a banda mais conhecida do mundo, a banda que teve 100% de audiência do Ed Sulivan Show quando foram pela primeira vez aos EUA, os bonitinhos da periferia de Liverpool, sim, usavam drogas. E quem disse isso não podia estar mentindo. Era o que menos aparentava fazer isso, de todos.

Porque, me digam, quem não sabia que Ringo Star era um bêbado, no mínimo? E John Lennon, com seus trocadilhos, mais: um ex - aluno de artes, já casado... quem poria a mão no fogo por ele? George Harisson... Este passou um tempo na Índia – não se fala mais nele. Era o Paul, o “músico da banda” (ele orquestrara, já, para alguns filmes da época, junto a George Martin). Paul, o que tocava melhor, o que um dia ensinou as linhas de guitarra pra John, o mais limpinho e bonitinho que disse: “Nós usamos LSD”. O "Mother Nature's Son".

John, claro , não gostou. Depois de um tempo ele saiu inventando que no dia em que receberam o título de Sirs da Rainha Elizabeth, antes da cerimônia, eles teriam ido ao banheiro fumar um baseado. Desmentido por todos os outros. Menos Ringo, que diz ter esquecido.

Nunca se imaginou, numa sociedade viva como aquela da metade da década de 60, os mais conhecidos músicos do mundo falarem algo do tipo. Eram marginais?

Foi logo depois disso que veio o Álbum Branco.

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