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o que se imagina é também ditado - não por professores

Quem disse que o imaginário é algo transcendente? ele tá aqui na sua frente.

Alguém certo dia disse que Godard foi um dos poucos que soube como usar a linguagem da TV com uma intenção diferente, mais politizada. Isso quer dizer que a linguagem televisiva nunca tem reais fundos informativos. Digo isso porque a informação sempre tem intuitos políticos, ou seja, tem uma razão de ser. Por que informar? Pra quê? Os dados estão no mundo somente pra flutuarem e causarem uns frissons, umas cócegas bem rápida, bem por alto, bem rápido, bem superficiais? Só pra gente saber que tudo anda, tudo está andando pra frente - progressivamente via o túnel do objetivo maior do avanço?

O Godard que a gente conhece usa, além da linguagem narrativa imagética - usa a realidade enquadrada pra narrar, também consegue deixar todas as brincadeiras que jornalistas adoram chamar de fatos mais evidentes como apenas peças de montar, de um jogo que quem sabe jogar está por cima, ditando o que se vê.

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