- A profecia de Cassandra - Allen tem, nessa nova fase de produções na Grã-betanha, partido pra uma linha mais irônica que a normal. Mais trágica, também. É aquela citação constante em suas obras mais “pretensiosas”, mais cults, como A última noite de Boris Kuschensko, citando o realismo literário russo, ou A poderosa Afrodite, citando o teatro antigo da Grécia – sempre dentro do gênero da comédia, onde ele se iniciou, e onde ele domina sua maneira de trabalhar fazendo cinema. Agora ele vai até Shakespeare, autor como Machado de Assis, na Inglaterra. Mas de Dostoiévsky a Shakespeare, a jornada não é tão longa quanto parece. E é nessa junção que a ironia de Woody Allen tem se confirmado. Neste seu último filme, Cassandra’s Dream, o sonho de adquirir um barco para velejar em alguns feriados, e a tradicional maneira de se viver da working class inglesa se transformam, para os dois jovens irmãos, no início de uma viagem moderna capitalista. A partir do barco os dois percebem que podem ...
arbeitsjournal brasileiro