A pergunta é: o que faz de João Gilberto uma pessoa tão fundamental na música popular brasileira? Digo a você, com a mais absoluta certeza, essa tão pouco procurada hoje, que não tem nada a ver com a serenidade e calma da expressão da bossa nova primitiva do banquinho e um violão. Veja só você que João Gilberto é um banquinho e um violão desde que se entende por um artista. Só ele e um violão, às vezes acompanhado por uma orquestra ao fundo, tal como um preenchimento às vezes desnecessário – algo que ele próprio poderia confirmar -, já que sua proposta estética tem muito mais o quê de simplicidade americano que o modo antigo e erudito de se fazer melodias e compassos. Pensemos no primeiro negro norte-americano tocando aquele blues. Como não poderia vir aquela imagem de um Skip James? Esse negro que, por causa do trabalho nos campos, teve sua vida sacrificada ao não exercício de uma produção musical constante. E de uma arte que ainda nasceria, uma arte tosca e viril, forte e reveladora ...
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