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LOVE


O disco é também um livro. Da capo, do início de tudo, da experiência nova, da nova música em banda - coisa mais antiga, uma banda. A banda em questão tem o nome da propaganda maior da grande comunidade hippie, década da flower power, contra o poder das armas e das guerras. A época das experiências alucinógenas, de ácidos e marijuanas em conjunto, com muitos jovens entrando no ritmo da modernidade líquida, dissolvida e derretida.

Ali, o quase gênio Arthur Lee, uma espécie de Hendrix com uma energia louca, e com experiências muito menos depressivas ou blues, algo mundial, que vinha pegar, inclusive, referências na bossa nova. Tinha nome de general, mas era um revolucionário dos mais atentos. Um músico como nenhum outro ali naquela região de Los Angeles - nem a Doors, uma banda tão profunda, chegava ao pop de Love, sem perder as estribeiras que impressionavam. Só a Beatles, chegava a ser comparada com a Love.

Mas foi uma banda deixda de lado. Pink Floyd, em seu primeiro álbum, quase tem Arthur Lee lá cantando. Talvez por causa da beleza do rosto de um Syd Barret - que fica pros anales indies, e figurações sem muito gás, deprês, justamente pra mostrar como o ideal musical de Lee fica, mas sem a sua energia: só com o uso de sua criação por outros mais "apresentáveis" na mídia.

Revelation foi a primeira música de rock a tomar um lado inteiro de um disco. Love influenciou Pink Floyd, Beatles, Hendrix, Zappa, White Stripes, Radiohead, Bob Dylan, etc... Não precisa de mais nomes notáveis pra dizer que a banda era algo de fora desse mundo.

apresentação de My Little Red Book, em um programa de TV:

Love, em Filmore, 1970:

Arthur Lee fala de Hendrix, nos dias de hoje:

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