A Itália parece transpirar política familiar. Disso saiu uma guerrilha corruptora e corrupta, chamada Máfia. Um agrupamento provinciano, mas, ainda que seja pequeno, forte em influência pela violência usada em seus "métodos de persuasão". Um caso icônico foi o do eleito primeiro ministro, "presidente", Giulio Andreotti. Aqui, abaixo deste post, vai uma das apresentações "ingênuas" do político da Democracia Cristã.
A opção pelo tema político, aliás, não é rara por lá. Só lembrar de um grande premiado, Il Caimano (2005, Nanno Moretti), que brincou com a eleição de Berlusconi. Sim, este que recebeu um objeto no rosto nas ruas, e quebrou alguns dentes de um, segundo a mídia, problemático mental. A opção, aliás, não fica só no tema árduo - tangencia, sempre, a ironia. Em Il Divo essa brincadeira se assemelha a uma dança psy, indie, pop.
O grande mafioso, já que foi condenado pela justiça, é um palhaço vivido por Toni Servillo - que não é reconhecido por conta da caracterização do personagem. Ele, o Giulio do filme, não nos convence, e parece ser essa a idéia principal da crítica irônica de Paolo. Ali vemos tudo muito marcado, seus movimentos maquinais, seus discursos ensaiados, sua postura rígida. A realidade é completamente distorcida - sem que isso seja algo a ser levado pelo lado pejorativo. Realidade, aliás, não faz muito mais parte do cinema de nosso tempo.
Câmeras que não param em travellings laterais, gruas, closes frontais, tudo o que a linguagem publicitária tornou cliché é estilo deste filme. Estranha, mas denota a paródia. Aliás: que bom que estranha, pois inova, nos deixa perplexos com a atividade, com a riqueza de detalhes totalmente esnobada na performance e sincronia entre câmera e cenas.
Fica aí, pra quem quiser mais tarde perceber qual é nosso ritmo, ou, a que pés andam as críticas políticas de hoje: pois não só o Vaticano é pop...
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