De qualquer maneira é bom saber que em lugares menores sempre está algum tipo de pensamento mais apegado aos lugares que são tidos como grandes. Mesmo sendo, algum destes lugares, um apreciado pela força de alguma energia que se enfraqueceu com a chegada de grandes construções. Não falo da energia natural, maya, algum deus e , ou , deusa que procura unir pensamentos em torno de alguma cultura agrária, ou algo deste tipo. Falo sim de uma espiritualidade mais concreta, mais fincada às expressões imagéticas - uma expressão que qualquer uma pessoa pode, hoje, ter. Inclusive ter melhor do que em escrita. Afinal, um analfabeto conseguiria filmar ou fotografar melhor que escrever. Será mesmo que isso tem alguma ligação com a realidade?
Acredito que se deixamos nos levar pela idéia de que as imagens não são lidas, chegamos ao impasse de que nada pode ser descrito, ilustrado, exemplificado. Porque uma imagem é uma imagem, como Um Homem é um Homem (ou Uma Mulher é Uma Mulher) - ou uma foto é uma foto.
Bem, aí está uma foto de um lugar menor. Ali está, mesmo assim de lado, a maneira de se ver deitado de uma fisiografia, geografia, grafia a respeito do nosso tema provinciano da preguiça. Não se faz nada até que alguém nos diga que há uma festa, e que devemos festejar pois amanhã entramos em algum show muito libidinoso, e saímos de lá sob catarse e mandões. Cheios de si. Cheios de tudo.
Durante a festa, expressamos que somos donos de tudo, que devemos mandar para longe aqueles desenraizados, e esquecer completamente que estamos vivendo em um grande país, com ótimas paisagens. Com verdadeiras paisagens, aliás. Daquelas que parecem ser do paraíso fiscal, do Caribe. Mas estamos no fim do mundo da preguiça. Da falta do que fazer, e do impulso fraco que temos ao querer ler - influencia-nos toda a falta de perspectiva.
Por isso não há religões que em sua prematuridade expressam uma maior liberdade em realação a isso: um deus está por aqui, mas ele pode não existir. Que natureza vive sem essa espiritualidade imagética, material, concreta do mundo, a não ser sob feitiços da oratória desimpedida de pessoas que anseiam pela mudança de sua pequena vida colonizada?
Em suma - espaço, tempo, lugar, beleza é bom para que fiquemos sem neura. Para vivermos bem... Deixando de lado a expansão da diferença constante e constrangedora. Tentemos estabelecer um ambiente de produção em nossas mentes presas pelas imagens televisivas.
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