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Espetáculo #3 - Frissons

Espetáculo da libído socialmente reverenciada:
passe mais ou menos 2 anos sem assistir a nenhum propgrama de televisão ( nenhum mesmo, nem mesmo aqueles considerados pedagógicos, considerados revolucionários... NENHUM). depois desse tempo de reclusão, tente fazer algo como ouvir músicas antigas, ler livros do século XVIII e XIX. vez em quando pode ler um catatau do nosso tempo, como Ulisses, Processo, outros considerados críticos da nossa modernidade. passando um ano você começa a perceber uma coisa impressionante:
- Aqueles seus colegas, seus amigos que saiam com você, ficam mudando de gírias e jeitos, piscar de olhos e entonação de voz a cada 6 meses. eles não se contentam e ficam achando você estranho.
- Você vai no shopping e percebe algo muito pior do que acontece com os seus colegas mais próximos. A cada mês, ou temporada, você percebe que as roupas mudam tanto de cor, de tamanho, de lugar. as roupas são os objetos que o ser humano usa que mais são considerados supérfluos, você pensaria. muito pelo contrário.
- em cada lugar que você vai vê um bando de pessoas ouvindo uma banda em comum. vai no ponto de ônibus, ela toca; vai no dentista, ela toca; vai na praia, ela toca... Se você não estivesse na reclusão da Televisão, você não sentiria:
o mais interessante disso tudo: tudo fica estranho, impressiona. aquilo que é medíocre vira espanto, e o que era pra ser ordinário é a coisa mais escandalosa que existe. Os babados das roupas, as cores de batom, os óculos escuros, as gírias... tudo é uma esculhambação só, e a intenção não é essa, de maneira alguma.
Se você não quiser parar de ver TV, pense no seguinte:
veja um filme da década de 80 e diga o que acha do penteado, das roupas,do jeito daquele povo. Já vi muita gente dizer que essa década foi BREGA. Lembro de mim na década de 80... diziam o mesmo da década de 70.
São indícios de nossa vida moderna "espetacular".

Comentários

I N T E I R O S disse…
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Impensamental disse…
Bom dia em cores, os anos 80 foram bons, mas hoje é que é bom porque é o presente e que temos de o viver com muita alegria e vida.
Boa tarde com sol.
Abraço.

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