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Alegria agora. Agora e amanhã.


Eu, mais um branquinho estúpido me aproveito de minha educação bem paga por minha família católica pra acabar falando de assuntos que talvez o comitê gestor da Internet não goste muito. Eu, um branquinho safado, me aproveitando da Internet banda larga pra falar de uma etnia. Falo porque a KKK ainda existe – e os jovens racistas ouvem HARDCORE.

Mas a escravidão, vem você me falar baixinho no ouvido, existe desde que o homem se entende por homem, meu rapaz. Por que essa revolta toda, por que toda essa acidez? A escravidão foi quem fez as pirâmides, monumento que ultrapassa qualquer cataclisma histórico. Foi a escravidão que construiu as igrejas e palácios medievais, com milhares de hectares de jardins, e centenas de pedras amontoadas que nos levam às alturas. A escravidão, esquerdista otário, é uma coisa humana – deixe de ser inquieto e vá viver sua vida de merda. Constitua sua família e viva seus jantares.
Há quem ache diferente, pode ter certeza, senhor conservador racista.

A Ku Klux Klan, movimento quase nazista que nasceu nos Estados Unidos, lança camisas, lança moda, lança músicas e ainda marginaliza e prende os negros do subúrbio. Lá houve muita pancadaria filmada, fotografada, nós temos registros marcados por gente que tem consciência histórica - lá teve um Martin Luther King. Mas e aqui no Brasil? Queimaram um índio em Brasília, ou foi apenas mais uma novelinha jornalística? E pelé?

Aqui no Brasil quem quer reviver a escravidão é a TFP – Tradição Família e Propriedade, órgão este que apoiou diretamente a ditadura e é de extrema direita (conservadora). A TFP atua calmamente, com suas reuniões escondidas, com sua felicidade velha estampada no rosto com plásticas, e cabelos estirados ou pintados – são pessoas comuns, empresários que possuem seus bens e propriedades privadas inalienáveis, que ajudam outras organizações filantrópicas, até – porque todo mundo tem que fazer isso hoje.

Aqui no Brasil nós temos uma história apagada, nós não temos foto. Vez em quando vemos, mais que nos Estados Unidos, a música e religião afro se afirmando pela mídia, na voz de Daniela Mercury e Caetano Veloso. Ou Margareth Menezes e Carlinhos Brown. Mas não se fala em escravidão, ou em qualquer resquício de quilombos ou lutas de líderes como Zumbi. Jorge Menezes ( Jorge Ben) já disse, e está em outro texto aqui.

O que acontece aqui no Brasil é a ignorância da história. Aqui não há pirâmides para uns se vangloriarem do início da civilização e clamar por uma salva de palmas para todos aqueles escravos que acreditavam em seu Faraó. Os assassinados por descrença que sejam relegados ao inferno da fogueira medieval da inquisição. Aqui, nós não temos nenhuma foto como esta, lá dos EUA. Ou temos?

Bem. Então que queimem também os arquivos da ditadura, e que queimem todos os que queiram saber o que acontece para, no Brasil, este país tão plural em raças e cores, ainda existir racismo. Pelo menos não é tanto quanto naquele país lá de cima que a REDE GLOBO tenta imitar, em outras palavras: que grande parte de nossa classe média tenta imitar. Pelo menos aqui, a igreja ainda tem bispos negros. Que a TFP saiba disso.

Comentários

Anônimo disse…
Você já viu Manderlay?
O que achou?
Seria interessante...
Abçs!
Impensamental disse…
A batalha contra o racismo, e mesmo os neofascistas é sempre de actualidade,
E bom falar disso, não os deixar fazer o que querem, e o nosso silencio é o que eles querem…. E aja muitos gritos. Boa noite Mouro…. Abraço.

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