Madonna não é maria, nem virgem, nem mesmo real. Em qualquer aparição dela há a exata elucidação de sua falsa e espetacular condição. Veja o nome dado: Madonna - um objeto de apreciação tanto artístico, quanto de homens. Como vivemos em uma tribo global machista, tudo está em casa.
No filme de Abel Ferrara ela surge como aquela que incita o tal jogo perigoso. A mulher antes despudorada, agora de família. Afinal, a família é algo a ser elevado como padrão, como fim de uma vida? Ela deve mesmo ser a base dessa sociedade de consumo? Ela é a realidade basilar? Para um melodrama, sim.
Mas não para um filme que briga, acaba com esse drama. Ainda que haja um clima religioso, muitíssimo diferente daquele um dia criado pelo realista alemão Herzog, citado no filme, temos aquela noção da minúncia anti-cidadão-mediano-americano-falso. E vemos o ídolo Madonna como, agora, um ícone caído, morto. Ela mesma é uma iconoclasta, se chegamos mais próximo de suas músicas.
O filme acaba sendo uma experimentação com esse ícone - que ultrapassa qualquer tentativa de narração mais teleológica. Nada a acrescentar, apenas que o underground norte americano finalmente havia perdido, sido derrotado pelo pop.
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