
O caso do diretor comunista espanhol é mais grave que qualquer experimentação. Seu primeiro curta com Salvador Dali é initeligível, e por isso fascinante. Quando ele sai exilado de seu país e conhece o México, aí sim temos contato com um cinema que influenciaria todo o mundo com suas peripécias. Na sua fase mexicana, Buñuel entra no funcionamento industrial da criação de planos de filmagens, mas nem por isso deixa as faíscas do inconsciente serem tolhidas.
A ilusão viaja de trem vemos todo o filme como algo absolutamente absurdo - aquilo não acontece, não haveria como acontecer. No entanto, é mais do que convincente, porque são essas coisas imposíveis que nos dão a prova da realidade. Spielberg usa muito desse artifício "surrealista", pois, como já foi dito, é algo próprio do cinema.
Mas Buñuel como um revolucionário não podia deixar de lado nesse universo onírico criado a relação entre os patrões e os operários. Se percebemos mais afundo, esse tema de dominantes e dominados está em todos os seus filmes. Ao lado de uma ironia que chega ao seu máximo permitido no cinema - e talvez ele seja o primeiro a saber, ou a delimitar essa linha limite. Hitchcock, por exemplo, deve muito ao espanhol.
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