O sucesso na era dos filmes negros (noirs) parecia algo menos colorido que o das celebridades circenses de hoje. Na década de 50 a roupagem da sociedade era mais adulta, mais séria, mais aguda em criações que teriam de ser verossímeis. Não por acaso, nessa era, um filme como Cidadão Kane aparece, com o jovem Orson Welles zombando de um dos mais ricos jornalistas da época - Randolph Hearst. A imprensa seria, ao lado do cinema, a criadora desse mundo.
No filme de Alexander Mackendrick, o diretor de um de comédias de humor negro (também) como Matadores de Velhinhas (The ladykillers, 1955), o sucesso existe devido os agentes, produtores dele. Um trabalho denso, mas moderno, de pessoas vivas que entram na rotina da procura por celebridades. Ao mesmo tempo um trabalho que lida com a fama - o espetáculo já era comum no relacionamento pessoal, tanto que no filme percebemos como é que a realidade bruta é criada pela imprensa. Esses produtores são personagens fundamentais pra que o que "exista" apareça na mídia.
E temos dois atores eternizados, como Tony Curtis e Burt Lancaster. Este último um aristocrata nato. Um "dono do mundo". Um nobre. Um colunista social, não muito diferente das pessoas normais, a não ser pela absurda sagacidade em manipular não só situações, mas sentimentos - até mesmo o amor da irmã o personagem J. J. consegue extinguir.
É o mundo moderno, sem a infantilidade da docura, das paixões - vive-se dentro de uma guerra, Dog eat dog, estratégias são necessárias dentro da empresa do espetáculo.
O filme de Mackendrick influencia muito as obras dos Irmãos Cohen, que não por acaso retribuem a influência na refilmagem de Ladykillers, com Tom Hanks no papel principal. Um destaque para o exemplar comediante Peter Sellers... um exemplo que tenha servido, talvez, a Woody Allen.
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