Mas que tipo de cinema esquisito é esse - diz um mais alerta a respeito do que se vê em Jonze. Mas que tipo de cinema é esse tão parecido com publicidade, dizem os mais atentos. O problema em se categorizar hoje o cinema feito pelos mais independentes nos Estados Unidos é que não há fruição solta espectatorial que consiga abarcar qualquer tipo de alucinação enquadrada. Enquadra-se não só na janela do audiovisual, mas na janela da percepção cultural do mundo, perfeitamente moldada e esquematizada pelo cinema da América do Norte.
Agora, temos que concordar que esse laço pop é mais europeu - mais convincetemente revolucionário e sujo, como algo que saía da França de 68, 69, 70... A subversão completa já passou, mas seus resquícios ficam, por exemplo, na família Coppola, ou na ousadia do wierd Jonze. Óbvio que damos créditos ao roteiro de Kaufman (que tem nome de Vertov), mas as escolhas e os cenários de Jonze são surreais ao extremo convincente. Aquele surrealismo que um dia chegou ao incinsciente e a seu fluxo desembestado, hoje, sem sinceridade alguma, adapta-se à cultura do pensamento aburguesado e kitsch - o da paródia pós-moderna.
Estamos diante de um impasse que chega a ser mais que conceitual, saindo de qualquer pensamento a respeito do cinema, ou de qualquer linguagem audiovisual. A pergunta: como dizer o cinema da juventude norte-americana? Wes Anderson, Spike Jonze, Tim Burton (que já sai dessa juventude pra o rol de clássico pós-moderno), Sofia Coppola, Paul Thomas Anderson, etc. Temos um movimento atual e que, nas críticas, fica mais na impressão, numa espécie de vanguarda fora de hora, dentro do mercado globalizado e mundial, de multinacionais e exibições para milhões de pessoas. A fruição, no entanto, continua a mesma.
Aqui fica a angústia de se saber o que anda a passar com o cinema em geral que nos domina.
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