Cloud Atlas (chamado de A Viagem para os analfabetos daqui) tem recebido as piores críticas em revistas renomadas, do tipo Veja. Não só por isso vale muito a pena assistir. Os irmãos Wachowski e Tom Tykwer tão na atmosfera "new age", a revolução que Hollywood aceita nos seus filmes. Anacrônico, mas vivo. Sem contar a influência direta de Godard, ainda que, claro, pro lado da linearidade e adaptação ao mainstream. Mais que em Tarantino. No filme Cloud Atlas a gente percebe como o cinema americano é ridículo na persistente encenação melodramática. E como o povo analfabeto adora esse gênero, enchendo as salas pra sentir o lado auto-ajuda da história. Não é perda de tempo - há muito o que se tirar do experimento que os 3 diretores fazem.
Um dos elementos é a contradição entre conformação dos mais fracos e persistência política de pessoas que dominam, mas são esclarecidas. Deixando de lado toda a bobagem de uma política afirmativa norte-americana clássica na politização de umbigo dos yankees, um determinismo bem verossímil está ali evidente. A natureza, que, diga-se de passagem, é tema de Terrence Mallick em seus filmes manifesto-poesia, tem na violência a expressão de uma dominação de "mais fortes". Os mais fracos serão "comidos" - e é assim que funciona a ordem das coisas. Lição número 1, platéias mundiais.
Outro ponto é a mistura de gêneros em blocos. Cada história contada em paralelo tem um gênero. Um thriler de época, uma comédia, uma ficção científica asiática, um filme militante dos 70's, um new age. entrecortados, eles fazem a bricolage do todo.
Outra questão - a discussão do world movie retomada. Os EUA nunca vão aceitar a perda de sua hegemonia como contadores de histórias. Estão perdendo fôlego, mas não a mão. Vão conseguir retomar o ritmo fagocitando gêneros nacionais de fora do continente norte-americano? Só lembrar, por exemplo, da estátua de São Jorge, símbolo do terceiro cinema glauberiano, sendo derrubada no chão pelo aspirante a músico que se mata. Há algo no ar nesse diálogo unilateral, por enquanto, e não parece convencer muito.
Pastiche, publicidade, ingenuidade, tudo isso sob o signo de uma revolução pacífica. Contracultura que vem desde Matrix. Não deixa de ser interessante, apesar de inofensivo.
Um dos elementos é a contradição entre conformação dos mais fracos e persistência política de pessoas que dominam, mas são esclarecidas. Deixando de lado toda a bobagem de uma política afirmativa norte-americana clássica na politização de umbigo dos yankees, um determinismo bem verossímil está ali evidente. A natureza, que, diga-se de passagem, é tema de Terrence Mallick em seus filmes manifesto-poesia, tem na violência a expressão de uma dominação de "mais fortes". Os mais fracos serão "comidos" - e é assim que funciona a ordem das coisas. Lição número 1, platéias mundiais.
Outro ponto é a mistura de gêneros em blocos. Cada história contada em paralelo tem um gênero. Um thriler de época, uma comédia, uma ficção científica asiática, um filme militante dos 70's, um new age. entrecortados, eles fazem a bricolage do todo.
Outra questão - a discussão do world movie retomada. Os EUA nunca vão aceitar a perda de sua hegemonia como contadores de histórias. Estão perdendo fôlego, mas não a mão. Vão conseguir retomar o ritmo fagocitando gêneros nacionais de fora do continente norte-americano? Só lembrar, por exemplo, da estátua de São Jorge, símbolo do terceiro cinema glauberiano, sendo derrubada no chão pelo aspirante a músico que se mata. Há algo no ar nesse diálogo unilateral, por enquanto, e não parece convencer muito.
Pastiche, publicidade, ingenuidade, tudo isso sob o signo de uma revolução pacífica. Contracultura que vem desde Matrix. Não deixa de ser interessante, apesar de inofensivo.
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